Entre tapas e beijos.Por Zé Pedro!

Todo o ano é a mesma coisa. Insistem em premiar a nossa música brasileira.
Tem prêmio que quer fazer justiça com as próprias mãos e entrega troféu para uma turma da antiga que o Brasil (felizmente ou infelizmente) já esqueceu, deixando todos na platéia sem entender nada. Tem prêmio para uma gente jovem reunida que deixa a turma com mais de 30 em casa se perguntando a cada resultado: “quem é esse ?”. Resumindo: não tem prêmio nenhum. Essa é a sensação que eu tenho cada vez que vejo esses eventos de divulgação de celebridades. Sim, porque é para isso que eles servem. Música que é bom nada.
Somos um país pluralista em todos os sentidos. Tendências e posições no ranking não nos definem. Somos um pobre país de terceira categoria e no entanto o mundo todo nos conhece. Caetano Veloso é um compositor baiano de Santo Amaro que faz turnê mundial todo o ano. Bibi Ferreira é uma grande atriz brasileira que ganhou o mundo interpretando Edith Piaf. Uma cantora em cima de um trio elétrico no calor do verão baiano pode estar vestida de Gucci ou Prada. Deliciosas confusões que fazem desse país o inominável. Por isso tanta dúvida na hora de premiar a nossa música brasileira, como, por exemplo, indicar Zé Renato e Maria Alcina para uma mesma categoria, ou cogitar o nome de Marcelo D2 para melhor cantor. A Minha cama é que sofre com isso, como aconteceu nessa semana, em que antes de dormir, fui assaltado pela reprise de um desses prêmios que além da confusão musical ainda parecia um espetáculo da emissora concorrente, copiando layouts e formatos de apresentação de um outro canal. Eu dou soco no travesseiro, jogo o lençol no chão, porque não agüento tanta gente ruim com cara de definitivo, tanta prêmio em vão para tanta gente inútil que não mexe uma peça no nosso tabuleiro musical. E o meu twitter bomba: eu grito de cá e o povo responde de lá. Tem fã que me xinga. Tem quem concorde com os meus comentários, é uma esculhambação democrática. Como o Brasil. Assim era na época dos festivais. Todo mundo estava mais preocupado em vaiar o concorrente do que aplaudir a sua música favorita. A gente não se leva a sério mesmo e tudo vira motivo de alegria e confusão, porque temos sentimentos misturados. Passamos muita dor e ao contrario do mundo lá fora que desabafa com bombas e guerras, nós por aqui temos fina ironia. O que nos faz chorar, amanhã estará nos botequins em forma de piada. Por isso esqueçam esses prêmios. Deixem a MPB em paz. Deixem os falsos emos fazerem rock brasileiro Deixa o axé usar grife. Deixa eu dizer o que penso dessa vida. Preciso demais desabafar

Fonte: http://djzepedro.uol.com.br/web/texto/

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